Mudei tanto e tantas vezes,
Que não sei quantas almas eu tenho.
Continuamente me observo,
E não carrego, de ontem, quase nada de mim mesmo.
Eu sou um projeto inacabado.
E, de tantas mudanças, sequer existo.
Apenas persisto, com ser e indivíduo,
No grande projeto de estar vivo.
Móbil, revigoro e desfaleço todos os dias.
Porque o que o ontem li de mim,
Amanhã pode me parecer alheio.
Noto, à margem do que vi,
Que sou um grande hotel
Para os outros de mim mesmo.
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