"Estrarei contigo do primeiro foco aceso ao último blackout! Estarei contigo naquela pausa mais longa e naquela respiração mais tensa que você dá quase que no final do terceiro ato."
Eu aprendi a fazer teatro junto, "segurando minha mão na dos meus companheiros e companheiras". E é assim que quero estar contigo quando entrarmos em cena. "Haja o que houver, seremos veículos desse toque sensível na alma alheia e no coração de quem vem aberto para assistir uma história."
O teatro não acontece em mim, nem em você, mas entre cada um de nós. É no vazio do espaço cênico que tudo se preenche e que tudo se transforma. É nesse "entre nós" que a coisa toda acontece... E isso depende completa e inteiramente da infinita capacidade de doar e receber. Da simplicidade de saber que, muito embora sejamos completamente nós, não há eu nem você ali.
Eu não existo sozinho nem num monólogo. Posto que, até nele, estou com muitos. E tantos são aqueles que estão comigo, antes, durante e depois - e até quando estou "solo" - que há algo que se sobrepõe à minha própria importância como ser e indivíduo.
Na realidade da cena, eu nunca fui importante. Importante mesmo sempre foi o que acontecia naquele espaço e no público.
Importante mesmo, no teatro que acredito, sempre foi "estar presente" vivendo algo que eu nunca vivi, ainda que tenha repetido tudo tantas vezes só para chegarmos finalmente ali.
É incrível viver a magia do teatro para provocar reflexões, levantar questões, para "ser espelho" e despertar diferentes emoções em quem assiste.
O teatro é a vida vivida diante de outras vidas que, juntas, experimentam a emoção de todos aqueles que se propõem a simplesmente ser e estar.
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