Ah, se ele pudesse arrematar as flores,
Sentir o suave perfume de suas pétalas
Como prêmio delicado da estrada que já percorreu...
Idílico pensamento de um ser em odisseia,
Que, do alegre e humano,
resta a alma que há em si.
Ele, caverna sem fim,
Mar turvo do caos humano,
Machuca-se com a flor da vida que escolheu.
Atira, já párea e presente nos ares,
Desordem dissonante inserida na arte
que desmorona-o,
como quem põe abaixo um Coliseu.
Seu coração triste,
Seu coração ermo,
Abismo sem fim,
Como a alma que há em mim.
Quisera apanhar no colo pedaços do seu pensamento,
Ninando-o em meu peito,
Com canções que o tranquilizassem no fim.
Quisera, já pálido e refletido nos mares,
Apanhar o brilho dos olhos que, por descuido ou maldade,
em vários lugares,
Ante tudo, se perdeu.
Ah, se ele pudesse amar os sonhos novamente,
Vivê-los com tamanha intensidade
que tornasse todos a mais pura realidade...
Viveria como o pólen das flores,
levados ao vento,
que, ao acaso, novamente florescem,
fazendo de si
um novo ser a brotar sob o céu que não lhe protegeu.
Mesmo assim, mesmo contra tudo, o que lhe faz renascer é que ele hiberna na alma
E quebranta na calma,
Convertendo em ideias toda dor que já sofreu.
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